domingo, 27 de dezembro de 2015

Não há culpados ou inocentes. Há duas pessoas que um dia decidiram casar por que entenderam que não conseguiam ficar separadas, e agora decidiram se separar por que não conseguem ficar casadas. Apesar da frustração, dos sonhos interrompidos, esse momento deve ser tratado com cuidado, por que é só uma etapa. Eles não vão ficar se separando, vão se separar e cada um vai seguir seu caminho. É importante ter um projeto, estabelecer metas. Pensar como as coisas vão ficar na nova vida.

A separação dos pais, sem dúvida, é um momento delicado para os filhos, mas são os desentendimentos entre eles que os deixam mais inseguros, tristes.

Os pais, antes de comunicar aos filhos sobre a decisão da separação, devem conversar bastante, tentar elaborar suas diferenças, mágoas... para que assim consigam diante deles, estar mais tranquilos e transmitir mais segurança.

Acho pertinente que iniciem colocando que o casamento foi uma escolha, que valeu a pena, que casaram por amor. Que desse casamento nasceram as coisas mais importantes de suas vidas -  os filhos, e que essa relação será para sempre. Mas que agora, eles resolveram que não vão ficar mais casados.

A conversa deve ser apropriada a idade da criança e com os dois pais presentes. É importante que haja um espaço para perguntas. Os pais podem perguntar: o que estão pensando, o que estão sentindo naquele momento e se querem falar alguma coisa.

Quando os pais conseguem lidar, de forma mais tranquila, com as dificuldades do processo de separação, eles estão dando aos filhos o exemplo de resiliência. Estão apresentando a possibilidade de conseguir tratar de uma questão tão delicada, com respeito, sensatez e educação. Estão ensinando um modelo de comportamento adequado.

Considero fundamental que os filhos entendam, que seus pais são adultos competentes e que saberão resolver tal situação da melhor forma possível. Apesar de toda tristeza, de toda frustração, as coisas vão se organizar.

Quando há brigas os filhos acabam se posicionando em relação a um dos pais. Nesse momento é necessário que sintam que podem conviver com os pais separadamente. E que quando estiver com um deles, não está órfão do outro. Pode estar com o pai e comentar algo sobre a mãe, pode pedir a mãe que o ajude a escolher o presente do dia dos pais... isso fará com que se sinta leal aos dois genitores, sem culpa, sem medo.

No caso dos genitores que vão morar com seus pais, é importante que os avós não assumam o papel de autoridade perante os netos. Os lugares precisam estar bem definidos. Os filhos ficam perdidos, sem referência, quando esses papéis estão misturados. Precisam ter suas rotinas bem estabelecidas.

Os pais precisam combinar várias coisas sobre os filhos, como: quem deixará e pegará na escola, como serão as visitas, como ficarão as finanças, quem comunicará a escola sobre a separação. Em alguns casos é relevente também que troquem informações, como: nome dos colegas, número do sapato, tamanho da roupa, cor preferida, endereços e telefones de parentes, datas de aniversário... Aos filhos é necessário informar quem ficará na casa, onde irá morar o outro. É aconselhável que a criança, fique na casa onde mora, porque esse espaço é carregado de afeto, é onde ela sente-se segura.

É provável que os casais que brigam na frente dos filhos, tenham mais dificuldade de se controlar durante a separação, principalmente quando um dos genitores não aceita o rompimento. Mas deve-se manter o foco na saúde emocional dos filhos. Um processo de separação conturbado vivenciado pelos filhos, poderá promover problemas como: insônia, falta de apetite, falta de concentração, diminuição no rendimento escolar, agressividade, ansiedade, medo excessivo, insegurança, enurese noturna, constipação...

Quando a relação entre os pais é respeitosa e os filhos estão bem com os dois, a chegada de um padrasto ou madrasta pode equalizar a família. É prazeroso para os filhos perceberem que a mãe ou o pai, agora têm uma outra pessoa para dividir as tarefas, há um outro adulto na casa, podem se sentir mais seguros. Desde que não se sintam culpados em ralação ao outro genitor.

Os filhos de pais separados podem ser emocionalmente saudáveis, desde que seus pais permitam. O problema não é por que os pais se separam, mas a forma como se separam e como ficam depois de separados.


DICAS:

·  Procurem resolver suas questões em relação a separação. Se perdoe e tente perdoar o outro;

Não briguem na frente dos filhos. Evitem xingamentos, palavrões... cadê seu limite, lembra daquele limite que você sempre fala que é importante dar aos rebentos?

Respeite o outro e não fale mal da família dele;

Não quebre a rotina do seu filho quando ele estiver com você. Não desautorize o outro. Esse comportamento pode deixá-lo confuso;

Caso perceba que seu filho está se comportando de forma inadequada, procure prestar atenção e orientá-lo com tranquilidade, ele pode estar querendo chamar sua atenção. Evite comentários do tipo: - É essa educação que você recebe? Está imitando quem?

Responda de forma simples as perguntas do seu filho. Não se estenda muito, ele só precisa de respostas que o ajude a entender os acontecimentos do momento;

Cuidado com o que vai responder, lembre-se que ele não tem a mesma idade que você. Às vezes é preciso omitir certos detalhes e esperar que esteja pronto para ouvir;

Antes de falar algo para o seu filho, pergunte a si mesmo:

-  Isso trará algo de bom para meu filho?

-  Ele está pronto para ouvir o que tenho para falar?

-  No que isso irá contribuir para sua formação?

- Não será melhor conversar com um amigo, com um psicólogo, um parente? - Será que não estou usando meu filho para aliviar as minhas dores?

Mostre que é competente para cuidar dele, que sabe o que está fazendo e que ele está em segurança;

Cuidado com a alienação parental, lei 12.318 do código civil;

Você terá que conviver com o outro pelo resto da vida, que tal tentar conviver bem?

Não tem como evitar o sofrimento dos filhos, mas é possível amenizá-lo e deixá-los mais seguros;

Tenha cuidado para não ser usado pelo seu filho, ao perceber que vocês estão vulneráveis.

Os pais devem estar bem resolvidos, organizar primeiro como ficarão as coisas para somente depois comunicar aos filhos. Eles precisam saber: Com quem ficará, onde o outro irá morar, com que frequência verá o outro, quem a deixará e pegará na escola, o que mudará na sua vida...

É importante comunicar a escola e pedir que fiquem atentos às possíveis mudanças;

Os filhos temem perder um dos pais na separação. Ajude-os a manter o vínculo;

Procure não promover tantas mudanças nesse momento;

É natural que você fique mais ansioso devidos aos medos de cuidar sozinho do filho e por isso passe a protegê-lo excessivamente, cuidado!

Procurem falar a mesma linguagem;

Não façam do seu filho um confidente;

Não esqueçam de cuidar de vocês. Estando bem conseguirão suprir melhor as demandas emocionais do filho;

Os avós representam estabilidade, aproxime seu filho deles, mas não transfira sua autoridade para eles;

Deixe que vá encontrar o outro sem se sentir culpado. Garanta que você ficará bem;

Esforce-se, se for difícil para você, e escute-o falar do outro;

Envolva-se com a escola. Ajude-o com as tarefas;


Sugestão de livros infantis que tratam a questão da separação de pais:

 

Quando os pais se separam, Emily Menendez-Aponte

Duas casas e uma mochila, Sônia Mendes

Os pais de Samira se separaram, Christian Lamblin

Brincar de ser feliz, Libby Rees

Lá e aqui, Carolina Moreyra e Odilon Moraes

Dois de cada”, de Babette Cole

Quero colar mamãe e papai, de Kes Gray

Quando os pais se separam, Heegaard Marge


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